Coité: Cabeleireira mantém viva tradição de colocar bobes e revela por que não aceitou ser entrevistada pelo SBT em 2008

Há quase duas décadas, Conceição do Coité, município da região sisaleira, esteve nos holofotes do país por conta de uma mania inusitada das mulheres: o uso de bobes nas ruas da cidade. 

Reprodução R7

Os cilindros para enrolar o cabelo e dar movimento, volume, ondas ou cachos se tornaram febre, pois aquelas que passavam pelo salão e não podiam esperar por algumas horas no secador de coluna profissional preferiam enxugar as madeixas naturalmente, enquanto resolviam as questões do dia a dia.

Em locais como mercados, lojas e farmácias, as “donas florindas” estavam presentes. 

O caso despertou ainda mais a atenção quando o cantor Daniel, em 1999, foi para Coité fazer uma apresentação e ficou hospedado no antigo Triella. 

Muitas fãs abraçaram o cantor e algumas estavam de bobes, deixando o cantor impressionado. 

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Anos depois, foram exibidas reportagens em todas as emissoras de televisão, sobretudo no programa do saudoso Gugu Liberato, Domingo Legal (SBT). 

Os repórteres Rodolfo e ET mostraram para o Brasil o hábito do público feminino de colocar o objeto na cabeça durante o dia para ficarem ainda mais belas à noite, na ocasião em que iriam participar. 

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Em 2025, é raro presenciarmos uma grande quantidade de mulheres de bobes como no passado. 

Será que o costume ficou na década de 2000? 

A resposta é não! 

Apesar da redução no número de mulheres que circulam pelas ruas de Coité com cilindros, a tradição permanece viva, embora de forma menos extravagante. 

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No bairro do Açudinho, a cabeleireira Eufrásia Lima dos Santos, conhecida como Frasinha, 66 anos, é referência em colocar bobes.

São 52 anos dedicados a deixar as mulheres mais lindas e ela viveu o ápice da procura pelo procedimento de beleza. Ela contou à jornalista Rafaela Rodrigues como era a procura antigamente e nos dias atuais. 

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“Por aqui faziam filas! Colocava 30 a 40 bobes por mês e hoje são de 10 a 15 mensais. As mais conhecidas eram eu, Marinalva, Célia, Celeste, proprietárias de salões de beleza”, relata. 

Ela acredita que os adeptos dos bobes nas ruas estão diminuindo, especialmente entre os jovens, devido à falta de coragem para se expor aos “canos na cabeça”. 

“Algumas se sentem envergonhadas, mas, colocam e seguem direto para as residências. A cultura continua, porém, em casa e no salão”. 

Frasinha explicou que o método utilizado pela mulherada hidrata o cabelo naturalmente, pois, elas não possuem paciência em secar no salão. 

“Em uma hora no secador, o cabelo fica seco, mas, as clientes não queriam esperar. Tem gente que coloca os bobes de manhã e só tira a noite. Tem situações que umas dormem de bobs”, disse aos risos.

Curiosidade no programa Domingo Legal.

Quem viu a reportagem do Domingo Legal provavelmente não viu Dona Frasinha. 

Reprodução/TV Uneb

Contudo, há quem pense que a produção não procurou as mãos mágicas do bobes. O motivo da cabeleireira não conceder entrevista? 

“Eles queriam fazer um vídeo dentro do meu salão querendo tirar um brinquedo semelhante a uma barata no cabelo de alguma cliente. Jamais toparia esse tipo de conteúdo, pois, essa atitude poderia difamar meu estabelecimento, dando a entender que era sujo e, graças a Deus, é bem cuidado”, revela.

Tradição do Nero em Serrinha. 

Dona Frasinha recordou que, apesar de os bobess terem ficado aparentes de forma esporádica em Coité, no município  de Serrinha, as mulheres ainda usam a técnica da touca nero. 

Ilustração 

Após uma boa escova alisadora, prancha ou até mesmo quando secam os cabelos de forma natural, as serrinhenses colocam a touca nero e vão fazer suas tarefas diárias.

A touca Nero traz bastante benefício para quem gosta de deixar o cabelo mais liso. Alisa os fios naturalmente; controla o frizz; deixa o cabelo com menos volume.

Seja com os bobes ou com a touca nero, o sentimento predominante em Frasinha é de satisfação em proporcionar felicidade às suas clientes. 

“Independentemente do que elas vão fazer no cabelo ou outros serviços, fico muito feliz em ajudar aumentar a autoestima. Essa é a maior gratificação no meu trabalho. O amor é o segredo para fazer bem feito”, conclui.

Por Rafaela Rodrigues

Foto: Rafaela Rodrigues 

Foto em destaque: : Páprica Fotografia/Canarinho Press

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