Moradora de Conceição do Coité relata pavor ao encontrar escorpião no quarto dos filhos; Acidentes com os animais somam mais de 202 mil notificações em 2023

Uma moradora do bairro da Quadra, em Conceição do Coité, região sisaleira, enfrentou nesta semana um dos maiores sustos desde que se tornou mãe. A mulher de 31 anos, que preferiu não ser identificada, conseguiu evitar que seus dois filhos, de 7 e 11 anos, fossem picados por um escorpião que estava no quarto dos garotos.

“Graças a Deus, tenho o hábito de olhar toda a casa, principalmente antes de dormir. Quando cheguei ao quarto, me deparei com o escorpião próximo à cama dos meus filhos”, relembra.

A jovem acreditava que não enfrentaria problemas com esses animais, pois mora em um apartamento, o que poderia dificultar a entrada do escorpião. “Imagino que ele possa ter entrado pelo vão da porta de entrada ou pelo ralo. Fiquei apavorada e comecei a fechar todas as entradas. Além disso, solicitei ao proprietário do prédio uma dedetização, que foi realizada”, relata.

Para a mulher, foi um verdadeiro livramento ela e os filhos não terem sido picados.

“Poderia ter acontecido o pior, mas, graças a Deus, nada aconteceu. Eu costumava dormir na sala por ser mais arejada, e, a partir daquela noite, fiquei receosa, pois colocava o colchão no chão”, revela.

Outra moradora do mesmo prédio já havia alertado a jovem de Coité poucos dias antes, por meio de uma mensagem de áudio no aplicativo.

“Cuidado com seus meninos, pois o local está repleto de escorpiões. Só nesta semana, matei três”, alertou.

Casos como o dessa moradora de Coité tornam-se cada vez mais comuns no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que pelo menos 202.324 notificações de acidentes com escorpiões foram registradas no país ao longo do ano passado – 20.243 a mais que o total registrado no ano anterior. Esta é a primeira vez que o total de notificações ultrapassa 200 mil.

O número de mortes provocadas por picadas de escorpião também aumentou, passando de 92 em 2022 para 134 no ano passado. Os óbitos provocados por acidentes com escorpiões superaram até mesmo as mortes causadas por picadas de serpentes, que totalizaram 133 no ano passado.

Entenda

O chamado acidente escorpiônico representa o quadro clínico de envenenamento quando um escorpião injeta sua peçonha através do ferrão. Representantes da classe dos aracnídeos, os escorpiões predominam em zonas tropicais e subtropicais do mundo, com maior incidência nos períodos de aumento de temperatura e umidade.

No Brasil, os escorpiões classificados pelo Ministério da Saúde como de importância em saúde pública são:

  • Escorpião-amarelo (T. serrulatus) – presente em todas as macrorregiões do país, é a espécie que mais preocupa devido ao potencial de gravidade do envenenamento e à fácil adaptação ao meio urbano.
  • Escorpião-marrom (T. bahiensis) – encontrado nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
  • Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) – comum no Nordeste, com registros em Tocantins, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
  • Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus) – principal causador de acidentes e óbitos na região Norte e no Mato Grosso.

Perfil das vítimas

Segundo dados, a maioria dos casos ocorre em pessoas entre 20 e 29 anos, seguido pelos grupos de 40 a 49 anos, 30 a 39 anos e 50 a 59 anos. O grupo menos acometido é o de 80 anos ou mais, seguido pelo de 70 a 79 anos.

Os números indicam que 53% das vítimas de picadas de escorpião em 2023 eram pardas, seguidas por brancas (30%), pretas (7%) e amarelas (1%), enquanto em 8% dos casos não foi identificada a raça ou cor do paciente.

Distribuição dos casos

Entre as regiões do país, o Sudeste lidera com 93.369 acidentes. Em seguida, vêm o Nordeste (77.539), o Centro-Oeste (16.759), o Sul (7.573) e o Norte (7.084).

O estado de São Paulo lidera em notificações (48.651), seguido por Minas Gerais (38.827) e pela Bahia (22.614). Alagoas tem o maior coeficiente de incidência (376,02 por 100 mil pessoas). Minas Gerais apresenta a maior taxa de letalidade (0,17).

Local e gravidade da picada

Os locais mais comuns de picadas são o pé (22,56%), os dedos da mão (22,28%) e a mão (18,32%). Em 2,85% dos casos, o local da picada não foi registrado.

Conforme o Ministério, 89% dos acidentes foram considerados leves; 5,99% moderados; e 0,77% graves. Em 4,16% dos casos, a gravidade não foi informada.

Tempo de espera

A taxa de letalidade aumenta quanto maior for o tempo decorrido desde o acidente. Em pacientes atendidos entre uma e 12 horas após a picada, a taxa foi inferior a 10%. Para atendimentos realizados 24 horas ou mais após a picada, o índice subiu para quase 40%.

Sintomas

Os sintomas mais comuns incluem dor (85,69%), edema (64,55%) e equimose (10,9%). Em 1,26% dos casos, houve necrose.

Curiosidades

O Instituto Butantan destaca que:

  • Escorpiões podem parecer fluorescentes sob luz ultravioleta devido a metabólitos secundários em sua cutícula.
  • Eles picam pela cauda, onde fica o veneno, e não pelas pinças.
  • Escorpiões do gênero Ananteris podem se desprender da cauda para escapar de predadores, mas isso leva à morte por intoxicação.
  • Cerca de 5% das espécies podem se reproduzir sozinhas, em um processo chamado partenogênese.

Redação com informações da Agência Brasil
Foto: Arquivo pessoal

Compartilhe:

Sobre

O Portal Raízes é a sua porta de entrada para as notícias mais relevantes do interior baiano. Com um olhar atento para as comunidades locais, o portal traz informações atualizadas sobre política, economia, cultura, esportes e muito mais.

© 2024-todos os direitos reservados- Portal Raizes

Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?