Um dos episódios mais trágicos já registrados em Conceição do Coité, na região sisaleira da Bahia, ocorreu na década de 1990, quando a chegada de um circo, que prometia alegria e entretenimento, terminou em cenas de horror horas antes de um espetáculo.
A vítima foi Márcio Araújo, filho de dona Irene Araújo, hoje com 66 anos moradora do bairro da Pampulha. Ela é sogra do empresário Adonias Point. À época, o menino tinha apenas 7 anos e alimentava o sonho de participar das apresentações no picadeiro. Naquela sexta-feira, durante a tarde, ele saiu de casa para ver de perto duas das principais atrações do circo: um leão e uma leoa mantidos em jaulas.

Márcio
Após o término da divulgação do espetáculo, os animais foram deslocados para a lateral do circo, que estava instalado nos fundos do antigo açougue municipal. A presença dos felinos despertou a curiosidade de várias crianças da vizinhança, incluindo Márcio, que se encontrava na casa da avó, próxima ao local.
Mesmo com a jaula aparentemente posicionada a uma distância considerada segura, o inesperado aconteceu. O menino se aproximou do compartimento e foi atacado por um dos leões, que o puxou pela cabeça para dentro da jaula.

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Márcio ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Ao dar entrada na unidade hospitalar, o óbito foi confirmado. O caso causou grande comoção e repercussão em toda a região.
Em entrevista à jornalista Rafaela Rodrigues, dona Irene relembrou com emoção o momento mais doloroso de sua vida. “Nunca imaginei que perderia meu filho de uma forma tão trágica. É uma dor que parece ter acontecido ontem”, disse, aos prantos.
Ela também recordou que, após o ataque, moradores revoltados tentaram incendiar o circo, mas foram contidos. A família acionou a Justiça e o proprietário do circo foi condenado a pagar uma indenização, cujo valor não foi divulgado. Apesar da vitória judicial, dona Irene afirma que nenhuma quantia é capaz de amenizar a perda.
“Dinheiro nenhum traz um filho de volta”, lamentou.

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Segundo ela, a tragédia poderia ter sido evitada. “Se os animais não estivessem tão acessíveis, isso não teria acontecido. Foram necessários vários acidentes como esse para que o uso de animais em circos fosse proibido”, afirmou.
Atualmente, o uso de animais em circos é proibido em diversos estados e municípios do Brasil. O Supremo Tribunal Federal (STF) já consolidou o entendimento de que leis estaduais e municipais que vetam a utilização de animais em espetáculos circenses são constitucionais, por priorizarem a proteção da fauna e o bem-estar animal. Essas decisões foram fundamentais para encerrar uma prática que historicamente expôs tanto animais quanto pessoas a riscos.
Uma mãe marcada por três tragédias
Além da perda de Márcio, dona Irene enfrentou outras duas dores devastadoras. Mãe de seis filhos, ela perdeu Humberto Araújo, em 2005, e Erivaldo Araújo, em 2021, ambos assassinados. (CLIQUE E RELEMBRE AQUI)
“Meus três amores se foram de forma trágica. Não há um dia sequer que eu não me lembre deles. Não desejo que nenhuma mãe passe pelo que eu passei”, desabafou.
Questionada sobre de onde vem a força para seguir vivendo após tantas perdas, dona Irene foi enfática:
“É Deus que vem me sustentando. Meu maior desejo era que todos os meus filhos estivessem aqui comigo”, concluiu, emocionada.
Por Rafaela Rodrigues
Fotos: Arquivo Pessoal
Foto do leão: Ilustrativa



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