A arte circense é algo que encanta milhares de pessoas.
Um dos números que mais impressionam o público é o contorcionismo, uma forma de acrobacia que envolve flexões e torções no corpo humano.
Para quem é do interior da Bahia, provavelmente irá se lembrar de Luana Simões, 38 anos, uma artista natural do Maranhão que durante décadas se apresentou em circo e eventos culturais de Conceição do Coité e região.
A moça de família circense era atração da cidade. Por onde Luana passava, se ouvia: “Olha ali a menina borracha!”.
Foram quase 20 anos dedicados ao contorcionismo até que a moça resolveu trilhar outros caminhos.
Afinal, por onde anda a “menina borracha”?
O início da magia do circo!
Luana é filha e neta de circenses, uma das primeiras famílias de circo no Brasil: Circo Marú e Marilda!
De acordo com Lua, como é carinhosamente chamada, o circo já não existe, mas a experiência no mundo da arte foi passada de geração em geração até desvincular das lonas e partir para apresentações em escolas, teatros e eventos.
Com apenas dois anos, ela já teria o destino traçado pela mãe: ser contorcionista!
“Ela [mãe] passou todas as instruções para desenvolvermos as manobras. Os ensaios eram constantes e, no início, eu não entendia muito o que estava acontecendo, porém, tive êxito junto à minha irmã, levando nosso trabalho para milhares de pessoas”, contou.
E assim foi! Quando Luciana, que hoje é conhecida como “Tia Lu” iniciava as apresentações do grupo, uma das atrações principais era Luana.
As manobras realizadas pela garota eram de tirar o fôlego, porém, segundo Luana, nem sempre agradavam a todos.
“Já teve situações em que as pessoas chegavam e diziam: não gostei da sua apresentação! Aquela situação me deixava um pouco triste. Afinal, eu era apenas uma criança”, relembra.
A menina elástica deu novos rumos à carreira!
A eterna artista recalculou a rota e decidiu sair de Coité para Feira de Santana e seguir uma nova profissão.
“Eu resolvi parar porque, em si, o número de contorcionismo onde você trabalha com o próprio corpo, com o tempo, sofre. Não conseguimos fazer as manobras com tanta leveza e precisão, vai se perdendo um pouco disso. Por isso, que muitas ginastas se aposentam cedo. Diante disso, resolvi me dedicar à faculdade, a qual também estava me tomando tempo para conciliar com os shows”, disse.
Ela se desdobra na Biomedicina!
Luana se formou em biomedicina e atua em Feira de Santana, 110 km de Salvador.
Ela explicou ao Caldeirão do Paulão que sempre foi apaixonada pela área da saúde e, mesmo quando trabalhava como contorcionista, sempre foi estudiosa.
“Com a chegada da pandemia da Covid 19, trabalhei com neuromodulação auricular, fazendo atendimento de controle da dor, ansiedade, depressão e insônia. Óbvio que também atuei em laboratórios de análises clínicas, dei aulas e a cada dia me motivo mais pela profissão. Estou muito feliz”, revela.
A saudade!
Mesmo com a decisão de pausar a carreira de contorcionista, Luana sente orgulho da sua história e afirma que sente das próprias apresentações.
“Eu amava apresentar, então mesmo que fosse feito isso todos os dias ou com uma menor frequência, cada apresentação era única. Então eu me inspirava muito, eu escolhia músicas, eu viajava naquelas músicas para fazer uma boa apresentação, inclusive se fosse uma música errada, a minha apresentação já não saía tão boa (Risos). Porque eu gostava de estar ali preparada com aquela música, com aquela emoção, então é disso que mais sinto falta e ficará para sempre na minha lembrança, a qual tenho a honra de contar a minha filha”, finaliza.
Por Rafaela Rodrigues