Provavelmente, se já ouviu falar em Crispim Matos Silva, 56 anos, não se lembrará de quem é. O nome em questão é o de “Pinga do Triângulo”, figura lendária de Conceição do Coité, região sisaleira.
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O apelido foi dado devido ao homem sofrer de alcoolismo e viver pelos quatro cantos da cidade tocando triângulo.
Pinga mora na rua Mariquinha de Dodo com a irmã Maria Núbia Matos, conhecida por binha.
Em entrevista à jornalista Rafaela Rodrigues, ela contou que, além de Pinga, o irmão mais novo faleceu por conta do uso excessivo do álcool e o próprio pai teve o mesmo problema, conseguindo largar o vício após a pandemia.
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Afinal? Por que Pinga do Triângulo mergulhou no vício da bebida alcoólica?
De acordo com Binha, o irmão tinha uma vida normal.
“Ele trabalhava como pedreiro tanto aqui em Coité quanto em Salvador. Além disso, ele era muito inteligente e conseguia abrir eletrônicos e consertar os problemas dos aparelhos. Tinha uma rotina normal até que conheceu uma mulher há 25 anos e todos sabiam sobre a infidelidade dela, inclusive ele. Mesmo com a situação, ficou com ela devido ao apego emocional”, contou.
Ainda segundo Binha, a então, companheira de Pinga teve um filho na época e ele registrou a criança imaginando que fosse dele.
“Ele achava que o filho era dele e um belo dia ela revelou que ele não era o pai, obrigando tirar o nome dele da certidão de nascimento do garoto”, disse.
Contudo, Pinga viu o álcool como válvula de escape para amenizar o sofrimento.
“Essa situação mudou a vida dele.completamente, deixando sem sentido. Ele começou a beber e até hoje não conseguiu ser libertar”, lamenta.
A vida da irmã de Pinga é exaustiva! Ela acorda às 04h00 com o barulho do irmão a qual posteriormente se desloca para um bar.
“Todo dia é isso! Um barulho que ninguém dorme. Eu tenho o cuidado de colocar ele para se alimentar e fazer a higiene pessoal para depois ele sair de casa que já sabemos que irá beber. O pouco que ele recebe do benefício, gasta tudo com cachaça. Sem contar que, todas as coisas que compro para casa dele, ele vende e também usa no consumo da bebida alcoólica”, relata.
Questionada se já buscaram ajuda para tratar a doença, a moça foi enfática: “Diversas vezes! Inclusive, algumas medicações consigo dar para ele que vem se alimentando melhor e até ganhou uns quilos”, conta.
Durante o bate-papo, Rafaela Rodrigues também conseguiu conversar com o próprio rapaz e questionou qual seria o maior sonho.
“Tenho vontade de parar de beber e um dia ser chamado pelo nome de registro, Crispim”, falou.
Enquanto a jornalista conduzia a entrevista com a familiar, notamos que Pinga escutava uma rádio evangélica que o pastor fazia reflexões semelhantes ao atual cenário que o coiteense se encontra.
“Você vai escolher viver sofrendo, nesta vida de solidão, choro e neste deserto sozinho?”, diz um trecho na rádio e gravado pela irmã.
Uma luz no fundo do poço!
Conceição do Coité possui o serviço através do CAPS, por meio de parceria com o CAPS AD que localiza-se no Município de Santaluz.
O setor oferece atendimento para os pacientes com transtornos resultantes do uso e dependência de substâncias psicoativas.
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“O paciente se mantém por meio de internamento por 14 dias e temos também a Fundação DR. Jesus que localiza-se na Cidade de Candeias- Ba. Lá, o paciente pode ficar, também em regime de internamento, por até 09 meses”, explica Adriana Gordiano, coordenadora do CAPS.
Adriana informou ainda que ambos internamentos acontecem de forma voluntária, ou seja, o paciente precisa querer se tratar.
Com o tratamento disponível, ajuda de amigos, familiares e do próprio personagem dessa história, pode está chegando ao fim a triste realidade de um homem que busca uma luz em meio a escuridão, sendo posteriormente chamado por Crispim, um coiteense que deu à volta por cima.
Informações sobre o alcoolismo
Se você ou alguém que conheça estiver precisando de ajuda, basta acessar o site:
https://www.aa.org.br e buscar ajuda com Alcoólicos Anônimos em sua cidade.
Redação