Dono de uma das composições mais executadas em 2005 e até hoje ouvidas nos eventos, o cantor e compositor de Conceição do Coité, criado no bairro Terra Nova, Ailton Vizek fez história com a criação do single “Tô em Água”.
A canção foi originalmente interpretada por ele no ritmo xote, sendo posteriormente reproduzida, propagada no Nordeste e alguns Estados pela banda Batukerê comandada até hoje por Marquinhos.
Com o êxito de “Tô em Água”, a banda Cheiro de Amor, que tinha Aline Rosa como vocalista, conseguiu espalhar a canção do coiteense pelos quatro cantos do país.
No entanto, poucos conhecem que o hit composto por Vizek foi lançado após um dos períodos mais difíceis da carreira artística devido ao vício em álcool e droga (maconha).
O início!
Em uma conversa com a jornalista Rafaela Rodrigues, Vizek, de 60 anos, disse que tem dedicado 40 anos à música.
Vizek
Em meados de 1985, ele ficou encantado ao assumir o comando da extinta banda Astral (hoje Batukerê). Logo em seguida, passou Cacique do Nordeste, onde compôs a canção “Vai cair Toró”, música nostalgia no período junino, Diagonais do Baião e Banda Traz Amor.
Vizek na Banda Astral e Caciques do Nordeste
Ele disse à jornalista Rafaela Rodrigues que o problema com a bebida alcoólica começou ainda no início da carreira.
“Estávamos ainda no começo da banda Astral e estouramos a canção ‘Ninfa’ e ‘O céu está lindo’. Começamos a fazer diversos shows pelo Brasil e tocamos em lugares que nunca imaginamos, como no Carnaval de Salvador. Era muita folia e comecei a beber e usar drogas”, revelou.
Publicidade
Vizek disse que não havia um dia em que ele não usasse cachaça, sem ter consciência do que poderia ocorrer.
“Eu achava que era normal, pois vários artistas de renome também viviam essa rotina, o que consideramos um momento que fazia parte do cotidiano, mas, não eram todos que faziam isso”, afirma
Os problemas começaram!
De todas as apresentações que Vizek fez, um dos seus principais objetivos era se apresentar na Micareta de Feira de Santana, mas sua participação foi interrompida antes de ele subir ao trio, pois estava bêbado.
“Os meus colegas perceberam que eu estava completamente bêbado e, como a maioria era de sócios, chegaram a um acordo e, naquele dia, decidiram que eu não faria parte do grupo. A tristeza foi profunda, “relembra.
Após o choque de realidade, Vizek resolveu se internar em uma clínica de reabilitação em São Paulo, onde permaneceu por vários dias. Nesse período, houve uma festa no bairro Terra Nova, promovida pelo própria banda Astral onde foi arrecadado o valor para a realização do tratamento.
Publicidade
“Na clínica, ouvi muitas histórias e uma delas me fez pensar que poderia atrapalhar o crescimento da minha filha recém-nascida devido à bebida. Após isso, voltei para Coité e comecei a respeitar os meus limites e adaptar-me ao novo estilo de vida”, disse.
A música “Tô em Água”
Ao retornar para Conceição do Coité, Vizek decidiu registrar sua experiência após o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Publicidade
“Acreditava que estava muito contente e que, mesmo estando sob efeito de bebidas alcoólicas, estava em estado de relaxamento”.
Embora o hit trate do que viveu há quase duas décadas, Vizek garante:
“A música é maravilhosa, mas a sensação que eu achava que sentia era pura ilusão. A primeira dose que desenfreia a pessoa, ficando até de manhã na rua e não honrando os compromissos como deveria”, relata.
Os danos!
A vida de Vizek nunca mais foi a mesma!
Ao contrário de artistas que se iniciam em bares e logo alcançam o sucesso, Vizek alcançou seu auge cedo, mas o consumo de bebidas alcoólicas o fez voltar ao lugar habitual onde os músicos iniciam suas carreiras.
“Retornei aos barzinhos, mas nunca mais tive o reconhecimento merecido. Não soube lidar com o sucesso meteórico. Hoje sofro as consequências do álcool, mas não desisto. Inclusive, estou finalizando um projeto para mostrar à população”, falou.
Atualmente, Vizek segue em tratamento devido ao impacto que o consumo de bebidas alcoólicas causou em sua saúde física e mental.
“Realizo tratamentos, terapia e mantenho minha concentração e energia positiva. Continuo participando das reuniões no grupo de ajuda mútua no meu bairro e também ajudo outras pessoas a sairem do vício”, complementa.
Publicidade
Quando questionado por Rafaela Rodrigues sobre o que o Vizek de hoje diria para o Vizek de 40 anos atrás, ele foi enfático:
“Toma juízo, menino! Você precisa saber lidar com o sucesso e ouvir quem gosta de você”, diz.
Publicidade
O coiteense expressa a sua lamentação por causar danos à sua saúde e aconselha aqueles que estão trilhando o caminho do consumo excessivo de álcool.
“Vejo muitos amigos falecendo devido à bebida, acidentes acontecendo e aconselho que evitem ou procurem ajuda. Força de vontade é essencial para não cair no abismo”, finaliza.
Redação
Fotos: Arquivo Pessoal
